sábado, 13 de fevereiro de 2010

Tributo a Alexander Mc Queen

2001 2010


1999


Considerado um dos grandes estilistas contemporâneos, McQueen nos deixou na quinta dia 11/02/2010. Sua partida foi tão dramática e performática quanto sua trajetória profissional, já que a polêmica, a performance e o extremo senso criativo e contestador eram considerados sua marca pessoal.






McQueen era inusitado, era criativo e não se importava com as críticas, talvez por isso mesmo, fosse um legítimo criador, já que estas são a grandes barreira para o processo de criação. O medo de errar e de ser julgado paralisa.

Como não lembrar de seu desfile de 1999 em que McQueen impressiona ao colocar a jovem Aimée Mullins, que teve suas pernas amputadas, nas passarelas com uma rótese criada para ela? No mesmo ano, o estilista colocava nas passarelas um desfile inspirado em "O Iluminado" de Stephen King, com as modelos dentro de containers de plástico realizando suas perfomances.

Em 2001, McQueen colocou suas modelos dentro de jaulas espelhadas que moviam-se como animais, sendo observada por uma platéia encantada e impressionada com cenas tão reais e paradoxalmente, oníricas.

McQueen transgredia, fugia às regras, fazia do seu jeito, inspirava-se nos mais diversos universos humanos, lugares em que o homem sonha, deseja, transcende. Não é a toa que sua coleção de verão 2010 causou verdadeiros sentimentos consumistas até em quem não via mais novidades na moda, que acabaram por renderem-se à sua genialidade criativa.

Sim, a moda não é só roupa, não é o fútil e o supérfluo como tenho visto em vários sites e blogs pre/conceituosos por aí a fora, que ficam questionando o por que de tanto burburinho em torno da morte de um "simples estilista". Seu genialismo tem sido contestado por muitos ignorantes que enxergam a arte apenas ao redor de seu próprio umbigo. A moda também pode ser arte (e não só, claro), e a "aura" (apropriando-se da expressão de Benjamin) presente nas roupas de McQueen reflete o momento único da sociedade fragmentada, individualista e consumista que estamos vivendo. Ele soube muito bem interpretar isto, e talvez tenha sido por isto que sua angústia tenha sido mais forte que seu desejo de viver.

Vá em paz e que seu legado permaneça.

Gabriela Maroja

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