A Formulação Estética no Processo de Criação em Moda
O aforismo 320, do livro A gaia ciência, foi a fonte suprema de inspiração para a concretização do caderno de imagens (Sketchbook).
A fusão de imagens das obras do artista plástico Velázquez e Pedro Frederico; as fotografias tiradas no meio de uma feira livre no centro da cidade de João Pessoa, e as intervenções feitas com caneta nanquim demonstram claramente o que seria o instante de vazio do estilista ao utilizar o aforismo como fonte de inspiração.
Após várias leituras do aforismo, o criador se sente apto para a pesquisa, começando pelas imagens pessoais (fotografias) que seriam o registro pessoal do artista; o olhar, o desvelamento da essência criativa do homem no mundo. O estilista já se encontra infectado e absorvido pelo vazio que o aforismo permite: sensação de dëja vu, com um quê de surrealismo, ou algo nunca experimentado antes. Em seguida, a pesquisa que pode ser em revista e/ou livros, panfletos publicitários, materiais encontrados na rua ( favorecendo assim a reciclagem de material). Aqui a fonte de pesquisa é livre. No caso do presente sketch, a fonte de pesquisa foi uma revista dos anos 80, bilíngue, de arte, literatura e design. Depois de se obter todas as imagens escolhidas aleatoriamente, daí sugere-se um respeito quase visceral àqueles que fizeram a ruptura nas artes com a vanguarda do absurdo, onde a desconstrução era uma regra, ou seja, organizar as imagens de forma paradoxal e desconstruída, permitindo, assim, uma pluralidade de estilos e perspectivas, com a ajuda das intervenções feitas pelo próprio estilista.
Logo em seguida extraem-se algumas formas do sketchbook com a ajuda do papel vegetal, quando o importante é extrair formas mais abstratas possíveis; em seguida o estilista vai “brincar” com essas formas, fazendo uma espécie de sobreposição com a ajuda de um suporte (modelo), chamado aqui de petit bonhomme. No final, inspirando-se nessas formas, modela-se um pedaço de tecido branco, um fragmento da forma escolhida, e com a ajuda de um modelo vivo repete-se a brincadeira de composição criando várias formas como se fosse passar do bidimensional para o tridimensional: o exercício no papel e nanquim; modelo vivo e tecido é o mesmo, e obtém-se, como experimentação, o mesmo resultado: o presente trabalho plástico ganha conotação de uma obra em aforismos, os vários fragmentos (aforismos) são também as várias possibilidades plásticas na criação.
O processo, que começa a partir da pesquisa de imagens, se divide em 08 etapas:
1. Fotografia;
2. Pesquisa de imagem em livros e revistas;
3. Colagem e intervenção;
4. Extração de formas abstratas do sketchbook;
5. Passagem dessas formas para o protótipo ( petit bonhomme);
6. Sobreposição de imagens no protótipo;
7. Construção de um fragmento em tecido branco baseado nas formas extraídas do Sketchbook;
8. Jogo de silhuetas no modelo vivo.
Esse esquema é a descrição de um processo de pesquisa em moda em seu estado mais puro; demonstra-se o florescer de uma criação em que o estilista é força mesma pulsante e criadora de novas silhuetas, rompendo com a idéia de moda, tendência e criatura dominada.
VEJA O RESULTADO DO TRABALHO:
http://www.ideart.org.br/fabiola_pedrosa.html
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