domingo, 25 de maio de 2008

Indiana Jones e a patifaria norte-americana

Às vezes penso que os frankfurtianos tinham razão ao criticarem a indústria cultural. Benjamin era feroz quanto a isso, achava que a propagação do cinema seria algo inevitável e nocivo. Achava tão radical essa opinião, mas muitas vezes me pego dando razão a eles... Vejamos:
Acabei de chegar do cinema. Fui levar meu “pequeno” pra assistir o novo Indiana Jones. Saí de lá impressionada... Ok, super-produção, elenco de primeira, mas, o que está por trás daquela história mentirosa de aventuras? Uma mensagem bem clara de que os americanos e ingleses é que são os “bonzinhos” do mundo. A história se passa na década de 50, quando Indi é procurado por um rapaz que diz que sua mãe e seu amigo que é como um pai, correm risco de vida, se ele não os ajudar a encontrar uma “caveira de cristal” que dá poderes a quem levá-la de volta a seu lugar de origem. Acontece que a KGB, representada por uma “camarada” braço direito de Stálin também quer a tal caveira e encontrar o tal lugar onde deve levá-la para receber seus poderes. Aí já mostra o filme detonando os comunistas. Tem cenas que mostram os alunos na Universidade participando de protestos com faixas “melhor morrer do que ser comunista” e coisas do gênero. Mensagem subliminar? Nããããoooooooo, direta mesmo!!! Comunismo é o mal do mundo!!!!!!!!!! Como se não bastasse e fosse pouco, o tal lugar que deveriam levar a caveira de cristal fica na região amazônica em algum lugar perdido por qualquer um dos países da América Latina (é o que somos pra eles, todos latinos), e aí o negócio fica mais feio ainda. Os comunas entrando na mata com seus carros e serras, derrubando árvores, destruindo coisas, mostrando bichos que não existem (duvidam que é pra mostrar um certo exotismo que povoa a mente deles a respeito de nós?) e no fim culmina com a destruição da cidade sagrada inundada pelas águas. Hum, sei não, só eu que senti um quê de manipulação nisso tudo?

Você caro leitor, deve estar se perguntando,o que eu tenho com isso? O que ela tem com isso? O que isso tem a ver com moda? Eu sei, eu sei... Mas aqui volto às nossas origens. Valorizamos demais o que vem de fora, os norte-americanos de um lado, os europeus do outro e nós espremidos como massas numa forminha dispostos a aceitar tudo isso pra nós, e no meu caso pra o meu filho que está recebendo mensagens erradas, de um ponto de vista que não é o nosso. Isso tem a ver comigo, tem a ver com você e tem a ver com moda, pois nossa moda pode ser nossa identidade, e nossa identidade tem que partir de nossa memória, de nossa herança cultural, de nosso compromisso com a verdade, coisas que o cinema e a TV muitas vezes não mostram.

Só pensei nisso tudo na saída do cinema, mas mesmo assim não era tarde demais. Deu tempo de negar a ele um lanche no Burguer King, onde o brinde era um feliz Indiana Jones sorridente, pronto para conquistar o mundo e derrotar os terríveis inimigos soviéticos, comunistas, e se sobrar um tempinho, os latinos também...

Por Gabriela Maroja

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